No último domingo do pré-carnavalesco, com sol e céu claro, milhares de foliões cariocas tomaram conta de ruas do centro e das zonas sul, norte e oeste do Rio, desfilando em dezenas de blocos. Na Avenida Presidente Vargas, a principal via do centro, o Bloco da Preta, comandado pela cantora Preta Gil, do alto de um trio elétrico, arrastou cerca de 300 mil pessoas, entre a Praça da República e o cruzamento com a Avenida Rio Branco.
Até o ano passado, o Bloco da Preta percorria a Rio Branco, agora parcialmente interditada para as obras para implantação de um veículo leve sobre trilhos. A mudança não desagradou aos foliões, como a representante de vendas Elaine dos Santos. “Eu vim de trem, desci na Central e vim pro bloco. Aqui é muito melhor do que andar até a Rio Branco. Está aprovado”, disse a foliã.
Ainda no centro, a manhã foi marcada pelo desfile, na área histórica da Praça Quinze, do Cordão do Boitatá, que sempre pede passagem com o tradicional Ô, Abre Alas, de Chiquinha Gonzaga. Considerado um dos blocos mais coloridos da cidade, devido ao grande número de foliões fantasiados de forma original, o Boitatá apresentou pela primeira vez uma ala de pernas de pau, atraindo cerca de 30 mil pessoas.
Embora com um número pequeno de participantes – cerca de 1.500 – um bloco que desfilou no final da manhã na Avenida Atlântica, em Copacabana, chamou a atenção por sua proposta: mostrar que a folia pode dispensar o álcool e as drogas. Iniciativa da Associação Brasileira de Alcoolismo e Drogas (Abrad), a banda Alegria sem Ressaca fez neste ano o seu décimo segundo desfile, tendo como rainha a cantora Teresa Cristina e como rei o ex-jogador Zico.
Além dele, o desfile contou com a participação de uma ala de jogadores e ex-jogadores de futebol, que levavam uma faixa com a frase Craque que é craque não usa crack. “Apoio esta campanha, porque acredito que carnaval é samba, fantasia e brincadeira. E penso que ficar longe das drogas é o melhor negócio para quem quer se dar bem, seja no esporte, ou em qualquer área”, disse o ex-craque do Flamengo e da Seleção Brasileira.
Para o psiquiatra Jorge Jaber, presidente da Abrad e idealizador da Alegria sem Ressaca, a banda pretende mostrar que no carnaval a pessoa não precisa perder o controle de sua mente para se divertir. Com base em sua experiência no tratamento de dependentes químicos, ele alerta para o grave problema do aumento do consumo de drogas.
A Banda Alegria sem Ressaca firmou uma parceria com o Cordão da Bola Preta, o mais tradicional bloco de rua do Rio de Janeiro, que leva às ruas do centro um público estimado em 1,5 milhão de pessoas na manhã do sábado de carnaval. “Nós vamos participar deste desfile, dentro da área reservada à diretoria do Bola Preta. Em um momento do desfile, o bloco vai dar uma parada e nós faremos um grande grito contra o uso de drogas”, antecipou o presidente da Abrad.
*Via Agência Brasil