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    19/03/2014 Livia Rangel

    Crônica de uma morte anunciada: o fim do filme

    Reprodução
    Cena de ‘Cinema Paradiso’ de Giuseppe Tornatore

    Dez anos atrás os grandes estúdios de Hollywood anunciavam que em uma década parariam de distribuir filmes em película – os famosos rolos de 35mm, que durante 120 anos na história do cinema foram o principal meio de distribuição dos filmes para os cinemas do mundo.

    Ao anunciar a morte do filme os estúdios pretendiam preparar os circuitos exibidores, para a transição da exibição do projetor de filme para o projetor digital.

    Em março de 2013, em nota oficial, a Fujifilm, uma das duas únicas produtoras de filme, a outra é a Kodac, anuncia o fim da produção dos ‘Motion Pictures’, o filme de 35 mm. Daí por diante todos os outros setores envolvidos na cadeia produtiva de uma película começam a anunciar o encerramento de suas atividades.

    Em dezembro de 2013, a famosa processadora de filmes e pós-produtora francesa Techinocolor fechou seu laboratório em Glandale, depois do encerramento das atividades naquele mesmo ano dos laboratórios em Montreal e no Pinewood Estudios na Inglaterra.

    Cinema digital
    Antes disso, em 2012, a 20th Century Fox anunciou que dentre os próximos dois anos também encerraria a distribuição de filmes analógicos, mas foi a Paramount Pictures no fim de 2013 que anunciou ‘O Ancora 2 – A Lenda Continua’, de Adam MacKay, como seu último filme distribuído em 35mm nos Estados Unidos, e lançou o ‘Lobo de Wall Street’ de Martin Scorsese, exclusivamente em formato digital.

    Os grandes estúdios alegam que esse “é um processo natural, a evolução do cinema” e que da mesma maneira que os filmes não tinham cor e som no passado e haviam resistentes a esse progresso, que haveriam portanto resistência à captação e distribuição digital.


    O fim da película: redução de custos na anulação do “Digital Print Process”

    Cineastas de diferentes gerações como Steven Spielberg e Christopher Nolan são contra a morte do filme e, em entrevista para o Hollywood Reporter sobre o tema, o popular diretor Quentin Tarantino alardeou: “Não consigo conceber fazer e distribuir cinema digital, entrei nesse ramo pela paixão à película e distribuir em digital é como assistir televisão em público”.

    Acessibilidade
    Em contra ponto aos apaixonados defensores da película, a queda dos custos de produção é tida como primordial vantagem da transição. Reduzem-se custos com a distribuição que deixa de ser física e passa a ser a satélite; com a digitalização da película; aumenta a qualidade da projeção; a flexibilidade da programação das salas e das programações alternativas como as em 3D, por exemplo.

    O culto à pelicula e a sua projeção naturalmente abrirá caminhos para circuitos de cinema alternativos para a apreciação de seus entusiastas e futuras gerações assistirão a esses filmes como um experienciação estética do passado, uma aura “cult” emergirá dessa cultura.

    Livia Rangel

    Filha da Bahia, radicada em Berlim. Jornalista, empreendedora, editora-fundadora da ElevenCulture.com e diretora da Agência Lira. Bacharel em Jornalismo, mestre em Comunicação Corporativa (Unifacs) e especialista em Marketing Digital (Udacity). livia@agencialira.com

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