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    20/02/2015 Livia Rangel

    Correspondentes brasileiros exibem documentário e fotografias sobre os refugiados da Síria

    Garotinho no campo de refugiados na fronteira da Síria com a Turquia Garotinho no campo de refugiados na fronteira da Síria com a Turquia by Valnei Nunes

    Nesta quinta-feira(19), a Eleven foi conferir a abertura da exposição fotográfica “Displaced”, do fotojornalista e documentarista brasileiro Valnei Nunes, montada na Embaixada do Brasil em Londres.

    As imagens, registradas em 2014, revelam a rotina do campo de refugiados na fronteira da Síria com a Turquia, onde crianças, mulheres, homens e idosos dependem de ajuda humanitária para combater a fome e, principalmente, o medo da tirania do Estado Islâmico. A mostra gratuita fica em exibição até dia 06 de março, de seg a sex, das 10h às 19h. Depois da Inglaterra, as fotos seguem para Alemanha.

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    Além da expo de fotos, a noite reservada apenas para convidados, ainda contou com exibição de um filme derivado da série de reportagens elaboradoras pelo repórter Sergio Utsch e Valnei, enviados especiais como correspondentes do SBT na cidade de Kobane, Síria. 

    Ao final da exibição, que contou com apresentação e fala do embaixador do Brasil no Reino Unido, Roberto Jaguaribe, a plateia multiétnica pôde conversar com os dois jornalistas.

    Crédito: Lívia Rangel/ElevenCulture

    Cobertura de guerra
    “Nosso trabalho durou quase um mês. Fizemos reportagens para os jornais do SBT (Sistema Brasileiro de Televisão). Éramos os únicos jornalistas brasileiros na região de Kobane, cidade síria, na fronteira com a Turquia. Era a terceira Guerra que eu via de perto. Vimos bombas caindo, soldados correndo e os aviões dos Estados Unidos sobre Kobane, a cidade no Curdistão sírio, tomada pelo Estado Islâmico.

    “Éramos os únicos jornalistas brasileiros na região de Kobane”. Sergio Utsch

     

    “Mas a narrativa das nossas histórias não foi apenas a narrativa da engenharia perversa de uma Guerra. Optamos por tratar essa cobertura não como uma reprodução “in loco” das estratégias militares e números oficiais divulgados bem longe daquele empoeirado canto do mapa. A maior parte das reportagens que fizemos foi a simples e bruta reprodução das histórias que esse conflito mudou para sempre”, conta Sérgio.

    Crédito: Lívia Rangel/ElevenCulture

    “Displaced”
    Fruto da cobertura da guerra em Kobane, a exposição “Displaced”, depois de ocupar as paredes da Galeria 32, no imponente prédio da Embaixada do Brasil, agora vai rodar o mundo. O próximo destino será Frankfurt, na Alemanha. “O objetivo é atingir o maior número de público em diferentes países para arrecadar doações para as vitimas da guerra”, explica Valnei.

    Mais de 1, 6 milhão de pessoas atravessaram a Síria para escapar das atrocidades do EI no ano passado

    A mostra retrata o drama dos sírios que conseguiram fugir da barbárie do Estado Islâmico, organização terrorista que vem deixando um mar de sangue por onde passa, assassinando civis (entre eles jornalistas estrangeiros decapitados), dominando cidades e vilas inteiras no Médio Oriente e África – na maior tragédia humanitária registrada na história da ACNUR (Agencia de Refugiados da ONU). Mais de 1, 6 milhão de pessoas atravessaram a Síria para escapar das atrocidades do EI no ano passado.

    Crédito: Lívia Rangel/ElevenCulture

    Durante quase um mês, todos os dias os jornalistas pegavam um táxi para saírem da cidade vizinha onde estavam hospedados e cobrirem o conflito na região de Kobane que “a cada dia ficava mais perigosa”. A única ajuda em terra para os correspondentes, além dos taxistas que começaram a cobrar mais caro para se aproximarem da região de conflito, era um tradutor do turco para o inglês.

    “Meu foco maior foram as crianças; tentei mostrar um lado mais humano na tragédia” Valnei Nunes

    Optando pelo colorido, o fotojornalista revela a dura rotina desses refugiados com atenção especial às crianças, que, aos milhares, são absoluta maioria no empoeirado campo, rodeado por tendas provisórias. “Minha grande questão lá foi conseguir conciliar o trabalho de cinegrafista com o de fotógrafo. Levei minha câmera pessoal junto com o equipamento do SBT. Ao todo tirei umas 200 fotos e escolhi 16 para montar a exposição. Meu foco maior foram as crianças; tentei mostrar um lado mais humano na tragédia”.

    Direitos Humanos
    Valnei Nunes, 32, nasceu em Salvador, Bahia, se formou em cinema e vídeo e passou parte da sua vida em São Paulo. Trabalhou em diversas áreas do vídeo, fez câmera, produziu, dirigiu e trabalhou em documentários premiados como é o caso do documentário etnográfico “Eu tenho a palavra”, da diretora Lilian Santiago. Em quase toda a sua carreira esteve ligado aos direitos humanos, como questões indígenas, quilombola e denúncias no tratamento publico de saúde mental. Nos últimos 4 anos esteve viajando e trabalhando entre o Reino Unido e Alemanha. Ao lado do experiente colega do SBT, o correspondente internacional Sérgio Utsch, Nunes estreou na cobertura de guerra, num contexto diferente da também dura realidade social brasileira.

     

    Livia Rangel

    Filha da Bahia, radicada em Berlim. Jornalista, empreendedora, editora-fundadora da ElevenCulture.com e diretora da Agência Lira. Bacharel em Jornalismo, mestre em Comunicação Corporativa (Unifacs) e especialista em Marketing Digital (Udacity). livia@agencialira.com

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