Na última sexta-feira (29), a Eleven esteve no Rich Mix, espaço multicultural, situado no coração de East London, para conferir o show de lançamento do álbum III do Bixiga70.
A big band instrumental fez naquela noite uma apresentação arrebatadora com casa cheia, subindo pela primeira vez em um palco da capital inglesa. No camarim, entrevistamos os músicos Daniel Gralha (trompete) e Marcelo Dworecki (baixo). Confira áudio da entrevista abaixo.
Leia mais
A noite de estreia do Bixiga70 em Londres teve produção local da ComoNo (que também traz de volta à Londres em abril, para o La Linea Festival, o rapper Criolo), não poderia ter sido melhor para os artistas brasileiros.
Durante a tarde, a venda de ingressos já havia se encerrado na internet, restando poucos tickets na bilheteria do local. Com o esgotamento dos ingressos, a administração do RichMix resolveu abrir o segundo andar da casa, para abrigar quem queria ver o show e havia ficado de fora.
Afrobrasilidades
A DJ Larissa Schlei (Udigrudi), catarinense radicada na Inglaterra, abriu os trabalhos esquentando a pista com pérolas em vinil. Quem compareceu ao evento pôde conferir toda a vibração, na pista e no palco, dessa mistura poderosa entre ritmos advindos da música negra, como o afrobeat, rap, jazz e reggae, com as batidas e o suingue latino da música brasileira.
Os gringos caíram na dança como puderam, da primeira até a última música. Teve trenzinho na plateia e um “grand finale” sob aplausos longos, com dois pedidos de “bis” – devidamente acatados pela banda, que também dançava e agitava do palco. Foi mesmo uma noite de festa, o teto suava!
No palco, destaque para o naipe de sopro que manteve a vibração contagiante, com dancinhas e coreografias ensaiadas, do início ao fim do show de 1 hora e meia de duração. O sorriso permaneceu nos rostos de todos.
No repertório (veja foto abaixo), o grupo relembrou hits dos discos anteriores, como “Kalimba” e “Ocupai”, tocou versões de clássicos de Luiz Gonzaga e Os Tincoãs. Mas o foco foi mesmo as novas faixas do ótimo álbum III, lançado em 2015 (confira review da Eleven) e que figurou entre os melhores do ano, em diversas listas de jornalistas e críticos de música, da América Latina e do Brasil.
Rompendo a barreira do popular formato de banda brasileira com vocalista, o Bixiga70 apresenta suas músicas autorais instrumentais, cheias de orquestrações, sedimentadas pela reverência à ancestralidade e influência das culturas africanas e caribenha – uma tendência que vem crescendo entre a nova geração da MPB.
Europe Tour
Os paulistanos, além de chamarem atenção da crítica especializada europeia com o novo disco, gravado ao vivo no estúdio do grupo em SP, acabaram de assinar com o selo Glitterbeat Records, que somado aos esforços de produtores da banda, viabilizou a vinda do coletivo em nova tour à Europa, onde eles cumprem agenda de 11 shows, partindo de Londres.
Se para a maioria das bandas independentes, com uma média de quatro a cinco integrantes, já é um desafio hercúleo conseguir gerenciar e financiar uma turnê internacional, imagine para uma big band instrumental composta por 10 integrantes?
Na entrevista, que você confere logo mais, Daniel e Marcelo contam como vêm se adaptando aos diferentes formatos de turnês para caírem na estrada com a formação intacta, falam sobre o momento pelo qual o Brasil vem passando, as ocupações das escolas estudais em SP, e ainda sobre a parceira com o novo selo e a boa repercussão do trabalho deles no exterior, entre outros.
Sem mais delongas, confira a entrevista completa que fiz com o Bixiga70 (a gravação também será veiculada, em breve, no programa Novos Sons do Brasil, que apresento na Radio RBG).
ENTREVISTA BIXIGA 70 EM LONDRES: