(Foto: Plotagem da Agência Cinema Brasil durante Festival de Cannes)
Durante muitos momentos de leitura e análise do mercado audiovisual mundial fica claro, para mim, que o cinema brasileiro ainda não alcança o público que poderia internacionalmente.
Primeiro porque, como pregava Glauber Rocha no passado (mas continua presente), não existe uma estrutura de distribuição de cinema brasileiro estabelecida. Só recente em 2006, foi fundado o Cinema do Brasil, uma agência que tem por objetivo ampliar a participação do audiovisual brasileiro no mercado internacional.
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Continuamos na mão das grandes distribuidoras internacionais, entretanto, existe um outro detalhe que chama a atenção. Filmes brasileiros, como o recente “Cine Holiúdy” de Halder Gomes, por exemplo, são extremamente regionalistas, por tratarem de situações da nossa mais íntima cultura.
Produzimos filmes para o nosso mercado. Muitos com cara de novela e quase sempre falando de nossas idiossincrasias de maneira demasiadamente folclórica, vide “Ó Paí Ó” de Monique Gardenberg. E sim, existe uma dificuldade do público internacional em criar empatia com histórias – que para os olhos deles são excêntricas e auto-suficientes, exclusivamente da cultura do Brasil.
Entretanto, é importante frisar que o mercado de produção interna esta superaquecido, crescendo anualmente em números de produções, foram 83 longa metragens em 2012 (Agência Cinema do Brasil), vinte anos depois da Era Collor, e lembrando que em 1992 um único filme foi lançado, ” A Grande Arte”, de Walter Salles. Hoje em dia, diferentemente do passado, concorremos fortemente com os Blockbusters americanos, quando não os derrotamos na guerra pelas bilheterias, como é o caso das comédias nacionais.
Talvez, esse seja um sinal de que, aquecido internamente, o fluxo natural será a produção de filmes que expandam o seu alcance para o público internacional. Talvez em uma década tenhamos papel de destaque no alcance do nosso cinema fora do pais. Mas diferente do que foi projetado nos anos pré-Copa do Mundo 2014, o Brasil não soube usar da super exposição e interesse internacional para divulgar um cinema que faça um gringo se emocionar e desbravar a nossa rica cultura. Até agora.