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    30/01/2014 Livia Rangel

    Dia Nacional das HQs: conheça a desenhista Lila Cruz e o projeto autobiográfico “38 Dias”

    Lila Cruz desenhando na mesa de um bar afro-cubano em Paris (Foto: Leandro Sanção)

    Conheci Lila Cruz, 27, quando era editora de Cultura do Portal iBahia, em Salvador (BA). A inquieta e talentosa desenhista virou blogueira daquele veículo e desde então passei a admirar sua arte, dedicação e acima de tudo o humor inteligente das suas tirinhas de traços cativantes.

    Passados alguns meses desde a minha saída do Brasil estivemos próximas novamente, mas agora do outro lado do Atlântico, em terras britânicas. Lila estava viajando há quase 40 dias pela Europa, onde vinha registrando crônicas da trip mochileira em textos e quadrinhos divertidos. Pra quem não acompanha a moça pelas redes sociais, a boa notícia é que os melhores “causos” e lugares da viagem, em breve, vão compor o projeto “38 Dias”, que vai ganhar um site e um livro.

    E para celebrar a passagem do Dia Nacional das Histórias em Quadrinhos, que tal conhecermos um pouco mais sobre essa jornalista baiana que vem ganhando espaço no mundo das ilustrações e desenhos em quadrinhos no Brasil?

    Confira o bate-papo com Lila Cruz:

    Lívia Rangel – Fala um pouquinho de você… onde nasceu, como começou a sua história com o desenho…
    Lila Cruz – Nasci aqui mesmo, em Salvador. Sou formada em Jornalismo, e comecei a desenhar copiando as histórias da Turma da Mônica. Parei de desenhar por um tempo quando passei a fazer jornais no meu bairro, devia ter uns 10 anos. E fiquei um bom tempo sem desenhar direto, fazendo algumas coisas baseadas nos desenhos de TV que eu gostava.

    ReproduçãoLR – O que te encanta no universo dos quadrinhos? 
    LC – Quando estava perto do fim da escola, voltei a desenhar com mais frequência. Na faculdade passei a fazer quadrinhos sobre os professores, até que desenhei pra revista da faculdade. Não estava muito satisfeita com o meu traço, então comecei a estudar. Daí passei a buscar quadrinhos independentes, porque nunca gostei dos de super-herói.
    E foi assim que me apaixonei pelas graphic novels e pelos quadrinhos autorais independentes.

    LR – Tem um preferido?
    LC – O primeiro que me deixou muito louca foi o “Retalhos”, do Craig Thompson. Depois foi o “Fun Home”, da Alison Bechdel. Gosto do fato de que eles (e muitos outros) conseguem contar de um modo bem complexo histórias de suas vidas, e outras histórias, num meio que geralmente era considerado coisa de criança. Tenho um amigo, o Augusto Paim, que faz excelentes trabalhos com o jornalismo em quadrinhos. E muitos outros estão aí, dando cada vez mais profundidade à linguagem.

    LR – Hoje em dia existem mais mulheres nesse mercado como a Fefê Torquato. Poderia citar algumas que são referência para você?
    LC – Nossa, temos muitas mulheres no mercado! Minhas referências no Brasil são muitas, entre elas a Ana Koehler, que me ensinou muita coisa, e a Lu Caffagi, que tem um traço lindíssimo. Fora do Brasil, a Alison Bechdel é uma mulher de que me inspira bastante, além da Aisha Franz, uma quadrinista alemã que conheci e que me mostrou que o importante é produzir e não passar uma década pensando no processo. Ah, tem muitas outras, a lista ficaria enorme. rs

    LR – Por falar em produzir…você acabou de fazer uma viagem pela Europa que lhe rendeu boas historinhas. Como você pretende publicá-las?
    LC – Sim, na verdade aquelas são as curtas que farão parte de uma sessão extra do livro em quadrinhos sobre a viagem. O livro se chama 38 Dias.


                   Crônicas ilustradas com relatos divertidos de uma trip pela Europa darão o tom do projeto “38 Dias”

    LR – O “38 Dias” é um guia ilustrado para viajantes na Europa?
    LC – As tirinhas são ilustrativas da experiência da viagem. A HQ conta a história da viagem, mas também fala sobre as cidades e os lugares onde fomos. Por exemplo, conto coisas como o dia que perdemos um vôo, mas também falo de lugares onde comi muito bem em Madri.

    “A HQ conta a história da viagem, mas também fala sobre as cidades e os lugares onde fomos”

    ReproduçãoLR – Maravilha! Quais os países que entram na rota desses 38 dias?
    LC – Foram quatro países: Portugal, Espanha, França e Inglaterra.

    LR – Já tem editora à vista ou é um projeto independente?
    LC – Por enquanto é um projeto independente, até para que eu me sinta mais à vontade com a produção. Mas também vou fazer uma versão em inglês, para encaminhar às editoras da Europa. A previsão para que ele fique pronto é dezembro deste ano.

    LR – Quem quiser conhecer mais sobre você e o seu trabalho, como faz?
    LC – As pessoas que quiserem podem acompanhar o “38 Dias” (e outros projetos também) pelo colorlilas.com e pelo quadrada.colorlilas.com, que vai reunir o processo, extras e histórias do “38 dias”, a Nostálgica (uma revista em quadrinhos sobre algumas histórias de minha infância) e o De Dentro da História – um livro de colorir baseado numa exposição que fiz no ano passado.

    Livia Rangel

    Filha da Bahia, radicada em Berlim. Jornalista, empreendedora, editora-fundadora da ElevenCulture.com e diretora da Agência Lira. Bacharel em Jornalismo, mestre em Comunicação Corporativa (Unifacs) e especialista em Marketing Digital (Udacity). livia@agencialira.com

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