Agosto de 2015. Em 3 semanas, mais de 3 mil espetáculos e 2 milhões de ingressos vendidos. O Edinburgh Fringe Festival é o maior festival de arte do mundo e todo mês de Agosto transforma a encantadora cidade de Edimburgo, na Escócia em uma grande festa!
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Durante minha curta passagem pelo Fringe, tive a oportunidade de vivenciar a efervescência e diversidade cultural que tanto ouvira falar desde que me mudei para Londres.
Além dos teatros, galerias e casas de shows permanentes da cidade, os organizadores do Fringe ocupam igrejas, bares, centros comunitários, ginásios, universidades, praças e parques, transformando-os em teatros e picadeiros perenes de todos os tamanhos e formatos necessários para abarcar a enorme quantidade de espetáculos apresentados no festival.
Feirinhas, praças de alimentação e festas são montadas especialmente para atender o público do Fringe e muitos pubs funcionam durante a madrugada, a cidade vira uma verdadeira mina de ouro.
Apesar do carro-chefe do Fringe serem os shows de comédia e stand-up, a programação, que acontece em todos os horários do dia e da noite, conta com espetáculos para todos os gostos – teatro, dança, circo, clown, mímica, teatro físico, infantil, cabaré e musicais, além de poesia, música e exposição de arte.
Conversando com pessoas, lendo as críticas e releases ou apenas olhando para um cartaz, fui escolhendo o que eu queria assistir e montando meu quebra-cabeça. Em apenas 4 dias vi 11 espetáculos, uns excelentes e outros nem tanto, alguns bem comerciais e outros mais experimentais.
Por uma questão de gosto e pesquisa pessoal, privilegiei peças com foco no trabalho físico, valendo aqui citar o ótimo “Institute” (teatro físico / Gecko), “Last Man Standing”(dança / James Wilton Dance), o divertido e despretensioso “Squished Squared” apresentado numa quadra de squash (site-specific / Room 2 Manouver) e “Shakespeare’s Sisters” apresentado no “Palestinian Day”, um evento especial que celebrou trabalhos de artistas da Palestina (teatro / Al Harah Theatre).
Infelizmente, esse ano o Fringe não contou com um espetáculo de produção brasileira como no ano passado, quando fomos representados pela belíssima e sensível peça clown “O Sapato do Meu Tio”, de Salvador.
O Fringe funciona como uma grande janela para o artista expor seu trabalho não apenas para o grande público mas para colegas, críticos, diretores e produtores. Participar do festival não é função simples, pois são poucos os espetáculos convidados. A grande maioria dos artistas desembolsa recursos financeiros próprios ou consegue pequenos apoios para entrar na programação e, entre tantos shows, panfletos e cartazes, precisam batalhar para alcançar uma bilheteria gorda.
Mas, pelas conversas e experiência que eu tive e pelo que eu vi no Fringe, essa com certeza é uma batalha que mesmo perdida, vale a pena ser vivida!