Depois de cumprir uma maratona de shows lançando o mais recente trabalho da banda, Nunca Tem Fim, em diversas cidades na Holanda, em Portugal e na Espanha, O Rappa, finalmente, voltou a Londres – após uma espera de seis anos. A Eleven esteve lá em Brixton para conferir a esperada apresentação dos brasileiros.
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Uma das mais conceituadas casas de shows da capital britânica, o Electric Brixton, anunciava, na tarde do último sábado(11), que os ingressos haviam se esgotado. O panfleto de divulgação informava o horário de abertura dos portões para às 19h. Durante o período da tarde, no entanto, uma grande quantidade de fãs do Rappa já estava no local, formando uma grande fila na rua. O clima do lado de fora era de confraternização.
Para alguns a ansiedade era tanta para ver a banda ao vivo, que, ao adentrarem o Electric Brixton, não demoraram muito para assobiar e gritar pedidos precoces para o início da apresentação.
Enquanto a trupe do Rappa não subia ao palco, o DJ e músico carioca Pedro D-Lita, um dos organizadores do evento, fazia as honras da casa comandando uma “funk carioca-reggae party”.
“O Rappa ressurge mais maduro e volta em boa hora,
seguindo em frente como uma das maiores
bandas do pop rock nacional”
TERRITORIO BRASILEIRO
Casa lotada, público aquecido, pausa na discotecagem. O ponteiro do relógio marcava 21h10, horário de verão de Londres. Estava chegando a hora do show! A plateia animada ocupava os três ambientes da casa. Um festival de celulares sacados dos bolsos enchia a pista de luzes cor de neon. Aplausos dos mais ansiosos se intensificavam. “Selfies” nos smarthphones eram uma atração à parte, entre grupos de amigos.
Dj Negralha abriu o palco. Seguido pelo baterista Felipe Boquinha e os irmãos Marcelo e Marcos Lobato (teclados e programações). Por volta das 21h30, enfim, chegavam para completar o time: o vocalista Falcão, trajando um bermudão e camisa de botão camuflados, e os parceiros de longa data, Xandão (guitarra e voz) e o baixista Lauro.
“Tivemos lotação máxima na casa, com 1600 pessoas. Fechamos as vendas na Internet antes, com medo da superlotação, por causa dos convidados”, conta Pedro D-Lita.
“Boa noite, Londres! O Rappa tá na área”
Com poucas palavras, – e assim permaneceu durante toda apresentação – Falcão liderou a banda em um show dançante de quase duas horas de duração. A chegada do novo baterista, Felipe Boquinha (Real Coletivo Dub), garantiu ao grupo uma pegada um pouco mais pesada, que, ao lado da dupla Lauro-Xandão, formou um paredão sonoro. Destaque para os solos de guitarra no talo de Xandão, agradando em cheio.
No repertório, a banda relembrou sucessos de todas as fases da carreira e apresentou para a audiência anglo-brasileira os sucessos do novo álbum, Nunca Tem Fim. Mas não foi preciso muito esforço, as novas “Auto-Reverse”, “Fronteira (D.U.CA.)” e “Anjos (Pra Quem Tem Fé)”, que encerrou a noite, já estavam na boca da galera. O público cantou, dançou e se emocionou ao relembrar hits como “Hey Joe”, “O Que Sobrou do Céu” e “Lado B Lado A”, entre tantos outros.
Teve ainda versão dub de clássico de Tim Maia, com Falcão desafiando a voz rouca para interpretar a linda “Eu Amo Você” (Veja o clipe). Bandeiras do Brasil eram levantadas com orgulho. A noite era de festa e o território estava marcado. Brixton foi brasileira naquela noite.
“Bandeiras do Brasil eram levantadas com orgulho.
A noite era de festa e o território estava marcado.
Brixton foi brasileira naquela noite”
A crise interna recente – que deixou a banda parada por dois anos, com rumores de um fim definitivo – parece estar resolvida, não tendo afetado a unidade da banda nem no disco, nem no palco. Com novos hits e boas letras existênciais e sociais, a marca da banda, O Rappa ressurge mais maduro e volta em boa hora, seguindo em frente como uma das maiores bandas do pop rock nacional.
AFTER PARTY
Ao final do show, por volta das 23h30, um grupo de fãs esperava do lado direito do palco, na esperança de serem atendidos pela banda para tirar fotos ou fazer uma visita ao camarim. Após agradecerem ao público com um abraço coletivo no palco, porém, os integrantes se despediram da Europe Tour 2015, depois de uma intensa semana na estrada.
A exceção ficou com o DJ Negralha que venceu o cansaço de fim de turnê e assumiu as pickups na “after party”, ali mesmo do palco, colocando os que ficaram na casa pra dançar até a madrugada. Nos sets, clássicos do pop nacional e internacional mesclados a novidades da música brasileira. Os produtores João Dinis (Primeira Linha) e Pedro D-Lita (B-Mundo Label) dividiram a festa com Negralha.
“Acredito que o “modus operandi” que fizemos – juntando duas forças criativas (B•Mundo Label & Primeira Linha) – para viabilizar a produção do show do Rappa em Londres, pode render bons frutos para a internacionalização da nossa nova música brasileira”, comemora D-Lita, que agora anuncia a vinda da turnê Nada Pode me Parar do maior nome do Rap Nacional, Marcelo D2 (Dia 22 de Agosto, também no Electric Brixton).
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