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    06/02/2014 Livia Rangel

    O cinema autoral de Eduardo Coutinho


    O dia 2 de fevereiro de 2014 ficará marcado pela trágica morte do documentarista Eduardo Coutinho, 81 anos, que Yemanjá o tenha entre os seus.

    Diretor emblemático do Cinema Brasileiro, entretanto, pouco conhecido pela maior parte da nossa população, também não era popular no exterior porque seus filmes terminavam concentrando a atenção do expectador nas legendas e no português, por serem centrados na palavra.

    A despedida de Coutinho não foi plural por que sua obra, assim como sua personalidade, não eram populistas, porém com a repercussão da sua morte trágica (Coutinho foi morto a facadas pelo próprio filho, que sofre de esquizofrênia) o Brasil e a nova geração parece ter despertado para a importância do documentarista que passou a odiar o jornalismo.

    Filmografia
    Coutinho se destaca com sua maneira peculiar de contar histórias com o longa metragem “Cabra Marcado pra morrer” (1984), desenvolve sua criatividade narrativa trabalhando para o jornalismo da TV Globo e o Globo Repórter por 9 anos, resgata a veia cinematográfica em “Santo Forte” (1999) e dai por diante foca em documentários que detém uma assinatura estética especifica.

    Seus documentários são filmes que se baseiam no discurso de suas personagens quando falando de si e suas histórias viscerais tendo por regra que cada um desses filmes eram situados num espaço delimitado. No caso de “Edifício Master”(2002), provavelmente o mais popular de seus filmes, num antigo e tradicional edifício em Copacabana; em “Boca do Lixo” (1993) num lixão; em “Jogo de Cena” (2007), num teatro com gente que responde a um anúncio.

    Referência para o cinema brasileiro
    Me lembro de ter estudado Coutinho na Escola de Cinema e durante aquele tempo ele ter lançado “Edifício Master” (2002). Acredito que seus filmes ilustraram e influenciaram muito a produção de documentários nas duas ultimas décadas.

    Fazia cinema barato baseado na entrevista, num mercado que não apoia cineastas autorais, dizia que “cada um tem suas razões para estar em algum lugar para fazer alguma coisa” e era isso que lhe interessava, e não aprovava o documentário politico que conduz o expectador a acreditar numa teoria ou ponto de vista, nem no documentário “americano” que retrata a miséria das personagens como excentricidade. Fazia filmes sobre o Brasil e seu povo e fortaleceu o formato documentário e se fez respeitado por persistir a mostrar seus filmes nas telas de cinema.

    Boa parte de seus filmes estão disponíveis para assistir on line e dentre eles sugiro o link abaixo e o documentário “Jogo de Cena” (2007), que intercala o depoimento de mulheres que responderam um anuncio para contar suas histórias de vida e atrizes que interpretam as histórias de algumas dessas mulheres. Um magistral jogo entre o depoimento documental e a interpretação.

    Assista “Jogo de Cena”:

    Livia Rangel

    Filha da Bahia, radicada em Berlim. Jornalista, empreendedora, editora-fundadora da ElevenCulture.com e diretora da Agência Lira. Bacharel em Jornalismo, mestre em Comunicação Corporativa (Unifacs) e especialista em Marketing Digital (Udacity). livia@agencialira.com

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