Canal de transmissões do #OcupeEstelita, o movimento social que luta contra o polêmico projeto ‘Novo Recife’ na cidade de Recife, Pernambuco, exibiu, ao vivo, uma coletiva de imprensa, de dentro do movimento. Alguns ativistas denunciam que estão sendo monitorados e perseguidos por pessoas ligadas às empreiteiras e que câmeras fotográficas, celulares e outros objetos pessoais foram apreendidos pela Polícia Militar e o Batalhão de Choque, nesta terça-feira(17), durante uma truculenta ação de reintegração de posse, no Cais Estelita.
O grupo de civis pede “que as decisões do projeto esteja nas mãos de quem nela vive e não sejam apenas definidos pelo poder econômico dos empreiteiros”.
Entre as reivindicações estão:
– Favorecimento de espaços para usufruto de toda população;
– Moradias populares;
– Uso misto e sem destinação restrita a segmentos sociais específicos;
– Preservação da memória e patrimônio da cidade;
– Integração com a vizinhança de seu entorno;
– Maior minimização possível de impactos ambientais;
– Participação popular deliberativa no processo de aprovação dos projetos;
– Cumprimento total das leis.
Números da ação truculenta
Na ação, que ao que tudo indica é ilegal, executada pela Tropa de Choque, 35 manifestantes deram entrada no IML, fizeram exame de corpo de delito, apresentando ferimentos causados por bala de borracha, cacetetes, estilhaços de bombas de feito moral e chicotes – esses vindos da polícia montada.
De acordo com Liana Cirne Lins, uma das advogadas do movimento, seis manifestantes foram presos durante a ação no Cais Estelita, ontem, no Centro Antigo de Recife. “Todos os cinco brancos foram soltos e apenas o rapaz negro da comunidade local, de nome Deivisson permanece preso”, disse a advogada. Contra eles foi registrado um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) por desacato e resistência, contravenções de menor potencial ofensivo.
O grupo agora está em campanha (veja imagem abaixo) pedindo a soltura imediata de Deivisson que estaria preso no COTEL.
Entenda o caso
A área do cais foi ocupada em 21 de maio por manifestantes contrários ao projeto Novo Recife, plano imobiliário de um grupo de construtoras que prevê a construção de torres residenciais e comerciais num terreno de 10 hectares, no Centro Histórico do Recife. Eles pedem a nulidade do processo administrativo que aprovou o projeto, que hoje é objeto de ações judiciais questionando sua legalidade.
O Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) concedeu a reintegração de posse da área, atendendo a um pedido feito por advogados do Consórcio Novo Recife. O DU e o Ministério Público recorreram da decisão, que ainda não foi analisada pela Justiça estadual. No dia 3, a Prefeitura do Recife anunciou a suspensão da licença que permitia a demolição de galpões da área do cais.
No dia 5, o engenheiro Eduardo Moura, representante da Moura Dubeux Engenharia, afirmou que o Consórcio Novo Recife concorda em produzir um novo projeto para o terreno.