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    06/10/2014 Livia Rangel

    Perfil: conheça o músico brasileiro por trás de bandas como Ibibio Sound Machine e Mitch Winehouse


    Anselmo Netto pela lente de Daniel Whistom

    Inquieto e multifacetado, o instrumentista Anselmo Netto – “tatu” para os mais íntimos – é um bandonilista, guitarrista e percussionista baiano que, com sua inventividade e balanço brasileiro, vem arrancando aplausos de plateias pela Europa e sendo convidado para participar de projetos e grupos musicais internacionais.

    Vindo da terra onde a percussão é um ‘patrimônio cultural’, Salvador (BA), o pai de Carolina e marido da ex-bailarina inglesa Hannah Dale, mora em Londres há cerca de 13 anos. Na terra dos Beatles e Stones, ele é um dos percussionistas mais requisitados, já tendo excursionado ou gravado com nomes de peso como Mayra Andrade, Ladysmith Black Mambazo, Jazzinho e Hamish Stuart (Paul McCartney), entre outros.

    Atualmente, Anselmo se divide tocando e gravando nas bandas de Mitch Winehouse, onde assume a direção musical; Ibibio Sound Machine, na qual é um dos sócios-integrantes; Nina Miranda (ex-Smoke City), com a qual vem compondo para um novo álbum; a pianista brasileira Clélia Iruzun, o produtor Brian Eno (U2, Devo, David Bowie) e o espanhol Agustin Carbonell (el Bola).

    Em bate-papo com a Eleven, o neto de dona Nair conta a sua experiência como músico latino radicado na Inglaterra, o perfil do mercado musical europeu, a paixão pelo bandolim e a percussão, seus projetos atuais e ainda a participação na turnê brasileira da banda de jazz do pai de Amy Winehouse – que se propõe a arrecadar fundos para a Fundação que leva o nome da musa do neo-soul.

    1 – Conta um pouco a tua história de músico brasileiro radicado na Inglaterra. Quando e como foi que surgiu essa vontade de sair da Bahia e arriscar uma carreira no estrangeiro?

    Eu, na verdade, nunca tive vontade de sair do meu país, mas o Brasil praticamente me mandou sair, pois não me oferecia nenhuma oportunidade. Tive a sorte de um dia alguém me ver tocando, resolver me ajudar e ver que o que eu tinha poderia ser melhorado, se eu tivesse uma oportunidade. E resolveu me trazer pra Londres.

    2 – Antes de chegar na Europa você era mais conhecido como bandolinista, tendo tocado com grandes nomes da música baiana. Como se deu a ampliação para o universo da percussão?
    Eu sempre fui bandolinista e guitarrista. Ao chegar aqui (em Londres) fiz muita coisa tocando bandolim. Até um dia em que fui tocar num lugar e o dono me falou: “Tenho um bongô aqui, como vc é Brasileiro deve saber tocar”. E eu disse: “me dá ele ai pra eu tentar”. Desse dia em diante as pessoas falavam que eu deveria investir na percussão também. E foi isso que eu fiz, procurei aprimorar e, como eu já venho da terra dos tambores, não foi tão difícil.

    “(…)nunca tive vontade de sair do meu país, mas o Brasil praticamente me mandou sair, pois não me oferecia nenhuma oportunidade. Tive a sorte de um dia alguém me ver tocando, resolver me ajudar e ver que o que eu tinha poderia ser melhorado, se eu tivesse uma oportunidade. E resolveu me trazer pra Londres.”

    3 – Muitos artistas reclamam que, atualmente, no Reino Unido “eles não têm incentivo para as artes independentes e que só o que é mais comercial consegue financiamentos”, etc. Como você enxerga a realidade do mercado musical na Europa, atualmente? O que mudou de quando você chegou para agora? 

    Realmente, as coisas mudaram bastante desde que eu cheguei aqui. Mas eu acho que as oportunidades estão aí. É só a gente acreditar no que fazemos e seguir em frente. O que mudou foram as pessoas, (elas) vem e vão. A música continua aí.

    Ibibio Sound Machine no Jools Holland:

    4 – Falando um pouco sobre os seus trabalhos atuais. Como multinstrumentista, você integra diferentes projetos de alcance internacional. Entre eles, o elogiado grupo Ibibio Sound Machine, a cantora britânica-brasileira Nina Miranda e, agora, excursiona pelo Brasil com o jazzista Mitch Winehouse. Fala um pouco sobre o seu envolvimento nesses projetos.

    Desde que cheguei aqui a minha vontade era de conhecer coisas diferentes e poder aprender mais e mais, fiz muita coisa desde que cheguei aqui e tenho feito bastante. 

    Ibibio foi um projeto que começou pra ser um projeto de estúdio e tomou um proporção maior. O Max Grunhard (sax) foi na minha casa e me ofereceu uma parte como sociedade. E eu não quis aceitar no início… mas aceitei gravar como músico e ele acabou me dando uma porcentagem da sociedade. O disco foi lançado em abril do ano passado e as coisas começaram a dar certo. Agora estamos em turnê do outono por todo UK e ano que vem vamos fazer a turnê mundial.

    A Nina Miranda eu já conhecia o trabalho dela há muito tempo, mas nunca tínhamos tido a oportunidade de trabalharmos juntos, mas pra isso acontecer bastou só um telefonema. E agora estamos fazendo música juntos, shows, churrascos, etc. Além da música temos um relacionamento de amizade muito grande, e isso é muito importante pra se fazer música de qualidade. 


    Anselmo e Mitch Winehouse preparam uma turnê no Brasil

    O Mitch (Winehouse) apareceu de uma outra forma. Eu morava na casa de um amigo, o Gilberto Silva (jogador de futebol). Um dia ele resolveu vender a casa e o Mitch apareceu lá pra comprar. Eu estava ensaiando e ele me viu tocando e viu a casa, que no final ele comprou. Trocamos cartão e ele me disse: “vc toca muito bem vou te ligar. Se eu precisar de músico na minha banda…”. E um dia ele me ligou. Hoje eu sou diretor musical da banda dele. Fomos no Rio gravar, pois sugeri que a voz dele ficaria perfeita com a da Elza Soares e como ele adora o Brasil casou perfeitamente. E em relação a usar percussão em jazz isso já acontece por aí há muito tempo, eu já tinha gravado e tocado com várias bandas e cantores de jazz aqui, o que fiz foi continuar o que já faziam pelo mundo.

    Hannah Dale e Anselmo Netto           

    Hannah Dale e Anselmo Netto

    6 – Em entrevista ao NME, Mr Winehouse disse que a filha estava envolvida na escolha das faixas de ‘But Beautiful’ e que ele pensa em levar um holograma de Amy para um dueto no palco. A existência dele, agora, gira em torno da memória da filha amada, ajudando jovens na mesma situação da musa da neo-soul, morta em 2011. Como tem sido viver tudo isso de perto? Imagino que devam haver momentos de muita emoção…

    Para mim, conviver com o Mitch e a Jane (Winehouse) é uma experiência muito boa e como você mesmo fala, cheia de emoções e lembranças, que serão eternas.

    7 – Quais as datas e locais já confirmados que irão receber a turnê de lançamento do álbum de Mitch Winehouse no Brasil?

    Ainda não temos as datas e os locais, mas o que posso dizer é que vai fazer barulho. 

    *Em breve, daremos por aqui todas as informações sobre a turnê brasileira de Mitch Winehouse e banda, lançando o álbum de jazz But Beautifull, que vai arrecadar fundos para a Fundação Amy W inehouse.                                                                                                                                                                                                                                                                   

     

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    Livia Rangel

    Filha da Bahia, radicada em Berlim. Jornalista, empreendedora, editora-fundadora da ElevenCulture.com e diretora da Agência Lira. Bacharel em Jornalismo, mestre em Comunicação Corporativa (Unifacs) e especialista em Marketing Digital (Udacity). livia@agencialira.com

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