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    05/12/2013 Livia Rangel

    Retrospectiva 2013: um voo panorâmico pela nova música brasileira

       Nova geração de artistas vem mudando o cenário da música brasileira, dentro e fora do país

    O ano de 2013 já vai se despedindo e a Eleven Culture, em parceria com a revista britânica Jungle Drums, faz um voo panorâmico pelos quatro cantos do Brasil para relembrar o que de melhor aconteceu na safra atual da música brasileira, passeando pelo samba, soul, rock, indie, folk, pop, dub, techno-brega, arrocha, eletrônico, rap, reggae e por aí vai.

    Destacamos os lançamentos, as tendências (ou não), quem deixou sua marca esse ano, sempre com um olhar atento às promessas da nova geração que começam a despontar no mercado nacional e internacional. Por tanto, se você andava meio por fora do que vem acontecendo na música contemporânea feita no Brasil, chegou a hora de você começar a curtir.

    Alguns deles você já deve ter ouvido falar: Marcelo Jeneci (SP) lançou esse ano seu segundo disco, De Graça (Som Livre); Ellen Oléria (DF), vencedora do The Voice Brasil 2012, estreou na Universal Music com seu terceiro disco de carreira, que leva seu nome; o “rei do arrocha” Pablo (BA), virou fenômeno pop com Fui Fiel (Som Livre); o rapper Emicida (SP) arrebatou a crítica com O Glorioso Retorno de Quem Nunca Esteve Aqui (Laboratório Fantasma); Filipe Catto (RS) se lançou no estrelato com CD ao vivo e DVD Entre Cabelos, Olhos e Furacões (Universal Music); a Vanguart (MT) assumiu seu lado mais romântico com ‘Muito Mais Que o Amor’ (Deck Disc) e virou trilha de novela da TV Globo; o ex-Los Hermanos Rodrigo Amarante (RJ) decepcionou com o seu debut album solo, Cavalo (Som Livre); Mallu Magalhães (SP) lançou a coletânea Highly Sensitive com lançamento nos EUA; Lucas Santtana (BA) atraiu a atenção da mídia europeia com a turnê do vinil The God Who Devastates Also Cures (Mais um Discos); já a humorista Clarice Falcão (RJ) estreou com o CD Monomania (Sony) e foi indicada ao Grammy Latino como Revelação.

    Entre os nomes que já são conhecidos no circuito nacional e que movimentaram 2013, destacaram-se a BaianaSystem (BA), caindo nas graças dos festivais gringos e exportando a sonoridade da guitarra baiana, e a Orquestra Contemporânea de Olinda (PE), representando o Brasil na maior feira de world music do planeta, WOMEX´13, no Reino Unido. Os roqueiros das bandas Vespas Mandarinas (SP), com o CD Animal Nacional (Vigilante), e Nevilton (SP), com Sacode (Oi Música), concorreram ao Grammy Latino de Melhor Disco de Rock Brasileiro. E por falar em rock, a Pitty confirmou que está em estúdio gravando disco de inéditas.

    E na enxurrada de lançamentos em 2013 teve ainda: o quarto disco da Cérebro Eletrônico (SP), Vamos pro Quarto (Independente); o segundo da Maglore (BA), Vamos pra Rua (Independente); o segundo da The Baggios (SE); Sina (Vigilante), o segundo e belo disco da Dois em Um (BA), Agora, e a grande surpresa fica por conta da novata Boogarins (GO), com o disco de estreia As Plantas que Curam (Other Music Recording – NY).

    Entre as musas da nova geração em turnê pelo Brasil afora, os destaques ficam para Gaby Amarantos (PA) levando seu techno-brega aos EUA e Reino Unido; Céu (SP) brilhando com o show ‘Caravana Sereia Bloom’ e emplacando música na trilha sonora do filme Star Trek – Além da Escuridão, e Tulipa Ruiz (SP) com a turnê ‘Tudo Tanto’, se consolidando como uma das melhores novidades da MPB nos últimos anos.

    Veteranos na ativa

    E por falar em cantoras, quem sacudiu esse ano foi Gal Costa. No auge dos seus 68 anos, Gal rodou o país lançando o DVD Recanto Ao Vivo 2013 (Universal Music), onde é possível vê-la em plena forma num show moderno cheio de elementos do indie rock e da música experimental eletrônica. Caetano Veloso, que compôs todas as músicas de Recanto e andou se envolvendo em uma polêmica sobre biografias, por sua vez, abocanhou o Grammy Latino 2013 de Melhor Álbum de Cantor-Compositor com seu ótimo álbum Abraçaço (2012 / Universal Music). Seu Jorge, Jota Quest e Roberto Carlos também levaram troféus na premiação.

    Ainda relembrando o que os nossos ícones andaram aprontando esse ano, um dos mais célebres nomes da MPB, o mineiro João Bosco festejou seus 40 anos de carreira em turnê pelo país. O ex-Titãs, Arnaldo Antunes, lançou novo CD chamado Disco (Rosa Celeste), projeto que ele foi gravando nos intervalos entre os shows e viagens.

    E quem andava meio sumida dos holofotes, Marisa Monte, lotou teatros com a turnê ‘Verdade Uma Ilusão’, na qual é acompanhada por músicos da Nação Zumbi – Lúcio Maia, Dengue e Pupillo. E a Nação Zumbi, por sua vez, anunciou um álbum de inéditas pelo edital Natura Musical. Outra boa notícia veio de Zizi Possi, que vinha lutando há oito anos contra uma rara doença degenerativa na coluna. Uma das grandes divas da MPB deu a volta por cima estreando o show intitulado ‘Tudo se Transformou’.

    Divulgação/Se RasgumPúblico vibra no 8º Festival Se Rasgum que reuniu artistas da nova e velha guarda, em Belém (PA) 

    Uma nova era

    Como se vê, muitas novidades rolaram na música “made in Brazil” em 2013. E quem anda atento às mudanças do mercado fonográfico no país já deve ter percebido a entrada cada vez maior de boas produções vindas do universo chamado independente.

     Sinto que teremos mais música de qualidade e com profundidade, para nichos menores e para públicos que se interessem em consumir (Iuri Freiberg)

    Em entrevista à Eleven Culture, Iuri Freiberg, produtor musical gaúcho com mais de 100 discos no currículo, analisa o mercado atual e o legado deixado por 2013. “Acho que estamos saturados do popular que virou Pop. Meio que chegamos ao limite dessa música vazia em conteúdo, com finalidades puramente de entretenimento e comerciais. Sinto que teremos mais música de qualidade e com profundidade, para nichos menores e para públicos que se interessem em consumir”, aposta.

    Bruno Nogueira, jornalista e pesquisador pernambucano, também acredita que a música no Brasil caminha para um caminho com menos “tendências” e mais diversidade. “Se a gente avaliar com calma, desde 2001 não tem um grande artista definitivo na música, como costumava acontecer na década de 90 (como rolou com o Los Hermanos, no final daquela década) e 80. Artistas como Michel Teló, por exemplo, tiveram pouquíssima sobrevida além do que tinham potencial”, avalia.

    A mudança está mais relacionada a um aumento da profissionalização dos músicos ditos independentes (Bruno Nogueira)

    Ex-curador do Festival Abril Pro Rock, Bruno fala ainda sobre a ‘retomada’ da exportação de artistas brasileiros para o exterior. “A mudança está mais relacionada a um aumento da profissionalização dos músicos ditos independentes. Eles estão percebendo certas facilidades de acesso e importância de se trabalhar com o mercado internacional e estão se organizando para fazer isso com mais frequência. Não significa, portanto, uma “abertura maior”, mas sim o resultado de um esforço maior”, conclui.

    Lucas Santtana, um dos mais promissores nomes da nova geração, tem sido destaque na imprensa
    internacional com turnês na Europa 

    Nova MPB

    O ano de 2013 na música brasileira não foi marcado apenas pelas atuais demandas do nicho comercial, como a moda do sertanejo universitário e o arrocha. Tampouco, ficou marcado pelo brilho de um artista Pop em específico.

    Em 2013, houve mais uma confirmação do que há muito já vinha se percebendo: uma nova realidade mercadológica vem acontecendo por fora do sistema das gravadoras e da indústria do entretenimento, com uma lógica nova: mais descentralizada, diversa, em busca da auto-sustentabilidade, em nichos menores e com produções focadas em seus próprios segmentos artísticos. A internet mudou o jogo, democratizou o acesso do público aos artistas que não tocam no rádio pagando o famoso “jabá”.  

    Uma nova geração de artistas/empreendedores está se lançando pelo mundo afora

    Uma nova geração de artistas/empreendedores está se lançando pelo mundo afora – a maior parte deles com apoio de leis de incentivo -, apresentando novas possibilidades sonoras para a música feita no Brasil. E pelo que se viu em 2013, essa turma veio pra ficar.  

    Para você ficar ainda mais por dentro das novidades da música brasileira, a Eleven Culture com os parceiros da Jungle Drums, está preparando um especial Top100, com o melhor da nova MPB. Aguarde! 

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    Livia Rangel

    Filha da Bahia, radicada em Berlim. Jornalista, empreendedora, editora-fundadora da ElevenCulture.com e diretora da Agência Lira. Bacharel em Jornalismo, mestre em Comunicação Corporativa (Unifacs) e especialista em Marketing Digital (Udacity). livia@agencialira.com

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